sábado, 6 de agosto de 2011

O PERFIL DA ESCOLA NO CONTEXTO SOCIAL E CULTURAL


O perfil da escola vem se configurando cada vez mais em um espaço social, pois a definição e a forma de organizar os conteúdos que devem fazer parte do seu projeto pedagógico vem se caracterizando pela eleição de critérios ligados não só a necessidade de ter acesso aos conhecimentos historicamente construídos para compreender criticamente, a realidade, refletindo sobre ela e favorecendo a construção de uma identidade cidadã.
Segundo os PCN, “a função socializadora da escola remete a dois aspectos: o desenvolvimento individual e o contexto social e cultural.É nessa dupla determinação que os indivíduos se constroem como pessoas iguais, mas,ao mesmo tempo,diferentes de todas as outras. Iguais por compartilhar com outras pessoas um conjunto de saberes e formas de conhecimento que, por sua vez, só é possível graças ao que individualmente se puder incorporar. Não há desenvolvimento individual possível à margem da sociedade, da cultura. Os processos de diferenciação na construção de uma identidade pessoal e os processos  de socialização que conduzem a padrões de identidade coletiva constituem, na verdade, as duas faces de um mesmo processo”.
A teoria curricular não pode se preocupar apenas com a organização do conhecimento escolar, nem pode encarar de modo ingênuo o conhecimento recebido. O currículo existente, isto é, o conhecimento organizado para ser transmitido nas instituições educacionais, passa a ser visto  não apenas como implicado na produção de relações assimétricas de poder no interior da escola e da sociedade, mas também como histórica e socialmente contingente. O currículo é uma área contestada, é uma arena política. É para um breve mapeamento das questões e temas que continuam centrais na Teoria Crítica e na Sociologia do Currículo.
A teorização crítica, de certa forma, continua essa tradição. A educação e o  currículo são vistos como profundamente envolvidos com o processo cultural. Entretanto, há diferenças importantes a serem enfatizadas. De forma geral, a educação e o currículo estão, sim, envolvidos com esse processo, mas ele é visto, ao contrário do pensamento convencional, como fundamento político.
As profundas relações entre currículo e produção de identidades sociais e individuais,tantas vezes destacadas na teorização crítica, têm levados os educadores e educadoras engajados nessa tradição, a formular projetos educacionais  e curriculares que se contraponham às características que fazem com que o currículo e a escola reforcem as desigualdades da presente estrutura social.
 Os educadores brasileiros se mobilizam em grandes reuniões de estudos e debates em torno de uma atuação pautada não apenas no aspecto técnico, mas também no político, observando o caráter ideológico da educação e a necessidade de fortalecer  a escola pública.  A problematização do currículo escolar adotada como foco central das análises da Nova Sociologia da Educação fornece elementos essenciais para o trabalho do professor em sala de aula e para os estudiosos do currículo de maneira geral. Ao colocar em questão o próprio processo pelo qual um determinado tipo de conhecimento passa a ser considerado como digno de ser perpassado pela escola evidencia a função social do currículo, que deixa de ser um dado natural, indiscutível, para mostrar-se como instância vinculada à estratificação do conhecimento produzido na sociedade. Na dinâmica curricular, os saberes se constroem pela articulação de referências teóricas disponibilizadas pelo currículo com referências outras construídas nos diversos espaços de aprendizagem vividos pelos sujeitos do currículo.
O acontecer do currículo envolve os sujeitos que possibilitam sua realização, considerados aqui como os sujeitos do currículo. Esses sujeitos são, especialmente os estudantes, ou alunos, ou aprendentes, enfim, aqueles que se encontram em processo de formação.Também são sujeitos do currículo os professores, ou ensinantes e demais profissionais envolvidos na dinâmica curricular.
É possível afirmar, portanto, que a construção de propostas curriculares para a educação estão inseridas num processo social amplo e multifacetado.
A política curricular governa as decisões gerais e se manifesta numa certa ordenação jurídica e administrativa. A política sobre o currículo é um condicionamento da realidade prática da educação. A realidade do currículo não se mostra  em suas modelagens documentais nos projetos pedagógicos, mas na interação, no multiculturalismo, na relação professor-aluno e professor-escola. Os desafios são grandes e é preciso que  sejam resolvidos  de forma explícita tendo em vista a diversidade e a realidade educacional.
É interessante que o aprendiz esteja sempre em contato com as diferentes aproximações do processo de ensino-aprendizagem e seja capaz de descobrir suas limitações e contribuições, bem como  fortalecer a consciência de que nenhuma teoria esgota a complexidade do real e que o processo de conhecimento está em contínua construção.
 O relacionamento com o mundo global, se dá à chegada das tecnologias da informação e da comunicação nos cenários educacionais que de alguma maneira impõe, o campo do currículo e as práticas curriculares a entrar no mérito das possíveis mediações estruturantes que essas tecnologias podem implementar.
Em relação o pluralismo cultural, os profissionais de educação necessitam desenvolver práticas educativas que considerem todas as dimensões e competências humanas potencializadas nos aprendentes. Ou seja, essas práticas necessitam levar em conta o contexto social e cultural em que  as pessoas que aprendem e suas famílias estão inseridas.
Os estudantes devem ser vistos na dimensão de sujeitos-históricos. É preciso assimilar que não existe ser humano universal: são grupos diversos de pessoas de idades e culturas variados procedentes desta ou daquela região, pertencentes  a este ou aquele grupo familiar.
É preciso ter conhecimento da concepção teórica escolhida na construção da proposta curricular para fundamentar o trabalho didático com praticidade e flexibilidade.

Reflexão feita sobre os textos, A revisão da Didática,
Candau,V.M. ( org ) A didática em questão. Petrópolis, Vozes,1984.
Escola reflexiva
Alarcão,1.Profissionalização docentes em construção.In: Anaís II Congresso. Porto Alegre: Edições ULBRA,1999. p.109.118.
 

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